![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMmGovWD8BC3aoEC4Q2KuiI5WnTnZV-Hrmmn9VhBQRNtdV-y-gxcrDpzDZ9KWTjit4zCL49-NJ8mfpEAyQYq6mfBByrGuzdUtTWIsiLNVN_U-QQxcm-n3bKcfLFyGJ1XSxhvSBZ4BdKMo1/s400/OgAAAKOEart34ZmsqYiujbBhgxdtiTWkfrbOCi6yusET2owezFINX3ROES9JTKacHH4efM89eBV6lSBjqszuaWVaHYcAm1T1UJqjcvuA2S-FuzEkizCeeTNATBXJ.jpg)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles